15.3.13


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Poeta, escritor, jornalista, filósofo, Herculano Pires foi um estudioso da Doutrina Espírita, e um de seus maiores divulgadores. Autor de mais de 80 obras, a maioria dedicada ao Espiritismo, foi o grande defensor da pureza doutrinária, tendo sido definido por Emmanuel, por intermédio de Chico Xavier como “o metro que melhor mediu Kardec”.






Quinta-feira, 15 de Março de 2013





A SOLUÇÃO DOS HOMENS



Por Herculano Pires






Nossa tendência à análise levou-nos até agora a estabelecer divisões arbitrárias no processo do conhecimento. Exigimos a frieza do raciocínio em oposição ao calor da afetividade. Com isso conseguimos grande evolução científica e técnica. Mas, por outro lado, vimos as mais legítimas aspirações do humanismo desaparecerem asfixiadas no utilitarismo do século, e estamos ameaçados de uma catástrofe moral.
As realidades eternas podem ser percebidas pela mente, pelo raciocínio, mas só podem ser atingidas e vividas com o auxílio do amor. A pesquisa racional, por si só, é árida e fragmentária. Quisemos escapar aos exageros de misticismo e caímos no extremismo da razão. A luz do amor, que devia fazer da terra um paraíso, converteu-se na sombra do sensorial, da animalidade, da qual não conseguimos desvencilhar-nos.
Lembremos-nos do mito da caverna em Platão. Transformamo-nos em escravos acorrentados na sombra, no fundo escuro da caverna, vivendo de ilusões. Daí os equívocos a que se refere à segunda parte da mensagem, semeando desequilíbrios e conflitos aparentemente insanáveis, que exigem medidas de reajuste, reclamam remédio e compreensão.
A situação dos homens na Terra assemelham-se à dos alunos no educandário, submetidos às exigências didáticas, a provas e exames exaustivos. Mas talvez se assemelhe ainda mais à dos doentes no sanatório, submetidos a tratamentos dolorosos, a choques elétricos ou de medicamentos. Como sairmos dessa situação? Como encontrar a solução dos homens, equacionando todos esses conflitos para uma operação eficiente?
A única saída é a do entendimento e do auxílio mútuo. Não adianta a luta em termos de violência, a condenação dos que consideramos errados, a crítica amarga e a argumentação contundente. O reajuste e o esclarecimento só virão quando aprendermos a amar os nossos semelhantes, a encará-los com ternura fraterna e não com ódio e repulsa.
A teoria da pluralidade dos mundos habitados acena-nos com a promessa dos mundos superiores, das civilizações cósmicas onde as criaturas humanas se transformaram em luz, ou seja, não estão enleadas na sombra do fundo da caverna, mas iluminadas pelo esplendor solar. Mas como ainda estamos distantes desses mundos superiores e quanto teremos de avançar para nos tornarmos dignos deles!
Não há dúvida de que devemos buscar a verdade com afinco, evitando ilusões e enganos. Mas sem a luz do amor nas relações humanas e nas buscas das ciências não poderemos encontrar a solução dos homens, porque os homens não são coisas – são espíritos, vetores psíquicos, estruturas harmoniosas de sentimentos e pensamentos. Só compreendendo isso e agindo de acordo com essa compreensão encontraremos a solução dos homens.




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