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Poeta, escritor, jornalista, filósofo, Herculano Pires foi um estudioso da Doutrina Espírita, e um de seus maiores divulgadores. Autor de mais de 80 obras, a maioria dedicada ao Espiritismo, foi o grande defensor da pureza doutrinária, tendo sido definido por Emmanuel, por intermédio de Chico Xavier como “o metro que melhor mediu Kardec”.






Quinta-feira, 7 de Março de 2013





ENCONTRO COM JOÃO LEÃO PITTA



Por Jorge Rizzini






A primeira palestra doutrinária a que Herculano Pires assistiu foi realizada em Cerqueira César por João Leão Pitta – um português natural da Ilha da Madeira, nascido em 11 de abril de1875, grande amigo de Cairbar Schutel e divulgador de sua obra, a quem Herculano, mais tarde, chamaria de “apóstolo do Espiritismo no Brasil”. Leão Pitta pronunciou entre Minas Gerais e Rio Grande do Sul quatro mil conferências, segundo informações do jornal O Clarim, da cidade de Matão, por ocasião de sua desencarnação meses antes do seu aniversário aos 82 anos de idade, no dia 11 de fevereiro de 1957. Era idoso quando Herculano Pires conhece-o. Forte amizade os uniria. A figura de Leão Pitta lembrava a de um velho profeta bíblico. Herculano Pires assim o descreveu: “De longas barbas brancas, sobrancelhas bastas, olhos azuis, faces coradas, João Leão Pitta era uma figura irradiante de simpatia e de bondade”. E sobre sua oratória: “Orador fluente, sincero, ardendo de verdadeiro amor pela doutrina, Pitta sabia falar ao povo. Servia-se, a exemplo das parábolas evangélicas, de imagens da vida prática, para transmitir os mais elevados ensinamentos doutrinários”. E Herculano Pires, nessa mesma crônica publicada no Diário de São Paulo em 1958, acrescenta que era Pitta “um homem de temperamento impulsivo, que se domava a si mesmo, como costumava dizer, e não gostava de ser considerado nem queria passar como santo”. E relata a propósito o seguinte episódio pitoresco: “Em Botucatu, num dia em que pronunciava uma palestra sobre a paciência, teve ligeiro atrito com outro grande e saudoso pregador da doutrina, José Mariano de Oliveira Lobo. Como este o acusasse de ter perdido a paciência, Pitta respondeu com muita graça: “Não te esqueças, meu amigo: se tu és lobo, eu ainda sou leão!”.
E Pitta riu-se, provocando uma gargalhada geral. De outra feita*,  “um pregador espírita novato procurou o velho João Pitta para consultá-lo sobre o que devia pregar. Pitta rangeu os dentes fortes de português da Madeira, seus olhos brilharam por baixo das pestanas brancas de Papai Noel e ele disse: “Não pregue nem faça discursos. Ensine o que souber, depois de haver lido e estudado Kardec. Fiz milhares de pregações e me arrependo de meus entusiasmos. Na verdade, conversando depois com os ouvintes que me elogiavam, tive a surpresa de verificar que de todos os meus falatórios, só uma pessoa havia aprendido alguma coisa: eu mesmo, que aprendi a conter a língua”.
E Herculano Pires, que assistira a outra palestra de Leão Pitta na cidade de Marília, relata mais este apólogo real:
João Leão Pitta, falando sobre a dignidade humana, no Centro Luz e Verdade, de Marília, disse: “O homem ruim é a pior coisa que existe no mundo. É pior que o pior dos animais. Um boi ruim, arrombador de cercas, que vive chifrando os outros bois, o dono o mata e aproveita tudo o que o seu corpo oferece: o couro, a carne, os ossos, os chifres e até mesmo os cascos. Mas de um homem ruim nada se aproveita. Morto, tem que ser enterrado às pressas para não empestear a casa com o seu mau cheiro”.




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