8.12.11

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Poeta, escritor, jornalista, filósofo, Herculano Pires foi um estudioso da Doutrina Espírita, e um de seus maiores divulgadores. Autor de mais de 80 obras, a maioria dedicada ao Espiritismo, foi o grande defensor da pureza doutrinária, tendo sido definido por Emmanuel, por intermédio de Chico Xavier como “o metro que melhor mediu Kardec”.




Quinta-feira, 8 de dezembro de 2011




CAIRBAR SCHUTEL E HERCULANO PIRES

Por Jorge Rizzini

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A missão de Herculano Pires estava sendo, pouco a pouco, delineada pela Espiritualidade Superior. Moço, já era presidente de um centro espírita; participava, semanalmente, de sessões mediúnicas, cujos fenômenos não deixavam dúvida sobre sua legitimidade; ditava conferências doutrinárias em inúmeras cidades. Agora, fazia-se necessário escrever, também, na imprensa espírita, para desempenhar, mais tarde, outras tarefas que exigiriam muito mais de si, dentro e mesmo fora do movimento doutrinário – tarefas que, no entanto, teriam a doutrina espírita por base.

Dotado de uma vocação poderosa para o jornalismo e literatura, redigiu um artigo analisando o último livro do célebre escritor Paulo Setúbal, em cujas páginas é descrito, magistralmente, mas com humildade, seu encontro com Jesus. Confiteor é uma autobiografia comovente e inacabada porque sete meses após o início de sua redação, Setúbal, já tuberculoso, faleceu. O artigo de Herculano Pires tinha por título “Confiteor, um livro doloroso” e foi escrito em 1938, alguns meses depois do passamento de Paulo Setúbal. Onde publicá-lo? A Revista Internacional de Espiritismo e o jornal O Clarim, ambos da cidade de Matão, sob a orientação superior de Cairbar Schutel, eram nessa época os veículos principais da imprensa espírita paulista, o que vale dizer, do Brasil. E para lá remeteu Herculano Pires seu artigo.

Cairbar Schutel, que pela sua enorme folha de serviços já era considerado apóstolo do espiritismo, pegou o envelope e olhou o nome do remetente... Era-lhe totalmente desconhecido. E leu o artigo, sem dúvida com muito interesse, porque ainda ecoava entre o povo o impacto da desencarnação de Paulo Setúbal, consagrado autor de romances históricos de grande êxito como A marquesa de Santos, que mereceu tradução para o russo, inglês, francês, árabe e o dialeto croata. Schutel não teve dúvida: incluiu o artigo de Herculano Pires entre os originais a serem publicados na próxima edição da Revista Internacional de Espiritismo, ou seja, em fevereiro de 1938.

Mas não chegou a ver esse número da revista editado – Schutel desencarnou uma ou duas semanas antes. Fato assaz significativo: dias depois da desencarnação do insigne jornalista de Matão, sua bela revista apresentava aos leitores o jovem estreante Herculano Pires, o qual viria a ser um dos mais lídimos representantes do jornalismo profissional brasileiro e, a exemplo do próprio Schutel, um denodado e brilhante defensor dos postulados espíritas! Quase diríamos que houve nesse gesto derradeiro de Schutel uma sutil intenção premonitória, que passou despercebida pelos seus biógrafos.