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Poeta, escritor, jornalista, filósofo, Herculano Pires foi um estudioso da Doutrina Espírita, e um de seus maiores divulgadores. Autor de mais de 80 obras, a maioria dedicada ao Espiritismo, foi o grande defensor da pureza doutrinária, tendo sido definido por Emmanuel, por intermédio de Chico Xavier como “o metro que melhor mediu Kardec”.




Quinta-feira, 1 de dezembro de 2011




MATERIALIZAR ESPÍRITOS

Por Herculano Pires

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“Por que materializar espíritos, quando o que mais precisamos é de espiritualizar homens?”, perguntou-nos um leitor. A resposta é simples: porque assim provamos a existência do espírito. As tentativas de espiritualização do homem, por meio da razão e da fé, de que a Idade Média nos oferece os mais completos exemplos, não deram os resultados desejados. Pelo contrário: o desenvolvimento do materialismo, através das ciências empíricas, ameaçou a destruição completa do edifício milenar da fé. E foi exatamente nessa hora que os fenômenos espíritas reagiram contra o materialismo, usando como diz Kardec, as mesmas armas deste e no seu próprio campo de ação.

As pessoas satisfeitas com as teorias espirituais que esposam, em geral não compreendem a necessidade de provas materiais da existência do espírito. Mas a própria história se incumbe de nos mostrar que essas provas são necessárias, a começar pelo episódio de São Tomé (Evangelho de João, cap. 20). Os homens se dividem, segundo um princípio filosófico, em racionais e empíricos. Os racionais se contentam com a demonstração de tipo silogístico, aristotélico, mas os empíricos exigem a experiência concreta, querem por os dedos nas chagas. E se os primeiros são bem-aventurados, nem por isso o Cristo desprezou os segundos, pois se submeteu à prova. Por outro lado, é preciso convir que Kant tinha razão, ao mostrar que a razão pura pode levar-nos a todas as antinomias.

Há muitos espíritas que nunca puseram os dedos nas chagas. Muitos bem-aventurados que se fizeram espíritas por força do simples raciocínio. Mas há outros que só chegaram a concepção espírita depois de longas lutas, anos de dúvida e hesitação, durante as quais as provas materiais exerceram papel decisivo no seu processo pessoal de espiritualização. Os fenômenos físicos da mediunidade: “raps”, movimento de objetos, materializações e desmaterializações parciais ou totais, em voz direta (pelo qual os espíritos falam diretamente, vibrando a voz no ar, sem se servirem do aparelho vocal do médium), constituem a base das pesquisas científicas do Espiritismo. E alguém poderá alegar a inutilidade dessas pesquisas, na era científica em que vivemos?

Quantos desesperos, quantas angústias, foram e são minorados pelas experiências espíritas de materialização! Isso prova que as materializações não pertencem apenas à ciência, mas também à religião. São as formas mais eficientes de consolação oferecidas pela doutrina espírita. Frederico Figner e sua esposa, desolados com a perda de sua filha Rachel, só encontrara consolo quando a menina se materializou nas famosas sessões da médium Ana Prado, no Pará, provando-lhes que não havia sido destruída pela morte e pedindo à mãe que tirasse o luto. Lombroso, o grande criminologista italiano, sente-se renovado ao ver sua mãe materializada, numa sessão com Eusápia Paladino.

As materializações consolam, confortam, renovam o homem, abrem-lhe perspectivas novas ao pensamento, demonstrando de maneira concreta a continuidade da vida após a morte. Foi graças a elas que Richet, o grande fisiologista, depois de angustiantes dúvidas, rendeu-se a evidência da sobrevivência e declarou, numa carta a Cairbar Schutel: “A morte é a porta da vida”.