Mas a árvore seca estava em pé. Continuava de galhos abertos no espaço, no mesmo gesto acolhedor do passado verdejante. E se não tinha mais frutos, podia ainda oferecer ao viandante o seu exemplo de firmeza e de fé. Todas as coisas falam. E se tivermos “ouvidos de ouvir”, como ensina o Evangelho, as pedras podem clamar ao nosso redor e as árvores secas podem transmitir-nos as suas mensagens. A velhice, a inutilidade, a solidão só existem para aqueles que se entregam ao desânimo, que subestimam as próprias forças.
Como ensinava Léon Denis, cada fase da vida tem a sua finalidade no conjunto da existência. Se as forças físicas enfraquecem na velhice, as forças espirituais podem aumentar. Se o homem não tem mais ilusões, tem experiência e sabedoria. O jovem afoito, embriagado pela juventude, está sujeito a muitos erros e decepções. O velho experimentado e compreensivo será uma velha árvore que pode acolhê-lo e despertá-lo para a compreensão real da vida, apontando-lhe o caminho seguro da fé à luz da razão. O tédio é a ferrugem da alma. Só corrói as almas que se abandonam a si mesmas, que se atiram por covardia nos montes de ferro-velho.