São duas as leis básicas do casamento, segundo a apreciação de Kardec, nos textos citados: a lei material e divina de união sexual para reprodução da espécie e a lei moral e divina do amor para a evolução espiritual dos seres. Ambas são divinas, pois todas as leis da Natureza provêm de Deus. Mas os homens, no abuso do seu livre-arbítrio, deturpam a lei biológica de reprodução e fraudam ou confundem a lei de amor com os interesses inferiores da animalidade.
São essas atitudes negativas que criam as dificuldades, os dramas e as tragédias do matrimônio. Das duas leis básicas mencionadas por Kardec na ordem em que as obedecemos – primeiro a material e depois a moral –, a que deve prevalecer é a segunda, pois a nossa essência é espiritual, a nossa natureza é moral e não material.
Como damos prevalência à primeira, a lei de ação e reação, que determina os nossos destinos, aplica-nos os mecanismos da reparação que nos levam aos casamentos sacrificiais. Saber suportá-los é o meio de reparar os abusos do passado e predispor-nos às compensações futuras. Toda fuga à reparação devida constitui protelação de sacrifícios, pois as leis naturais se cumprem ao longo do tempo.
As responsabilidades do casamento não se referem apenas aos esposos, mas também aos filhos e familiares de lado a lado. Por isso o divórcio é permitido, como ensinou Jesus, em virtude da dureza dos nossos corações, mas aqueles que puderem evitá-lo vencerão mais depressa na senda da evolução espiritual.
União a dois é sempre um encargo honroso, como acentua Emmanuel, e feliz daquele que sabe mostrar-se digno desse encargo.